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Números de referência e números de verificação - Os blocos de construção do EUDR
Como esses pontos de dados afetam a conformidade com a EUDR? Descubra aqui
O Regulamento da União Europeia sobre Desmatamento (EUDR) introduz obrigações rigorosas de diligência prévia para operadores e comerciantes que lidam com commodities relacionadas ao desmatamento. No cerne desse sistema está um facilitador fundamental: o número de referência. Esses identificadores únicos servem como base para rastreabilidade, transparência e conformidade em todas as cadeias de suprimentos globais.
Para profissionais em gestão da cadeia de suprimentos, compras e conformidade, entender como os números de referência funcionam é fundamental para cumprir as obrigações da EUDR de forma eficiente e eficaz.
O que são números de referência?
Os números de referência são identificadores alfanuméricos exclusivos atribuídos a cada declaração de due diligence submetida no âmbito da EUDR. Esses números servem como registros rastreáveis que vinculam remessas ou consignações específicas de commodities regulamentadas, como café, madeira, soja, cacau, óleo de palma e gado, a dados de due diligence verificados.
Na prática, um número de referência funciona como um passaporte de conformidade. Ele permite que as partes interessadas a jusante, incluindo comerciantes e importadores, demonstrem que as mercadorias que estão manuseando foram avaliadas quanto aos riscos de desmatamento e atendem aos requisitos legais da EUDR. Sem um número de referência válido, os operadores não poderão colocar os produtos relevantes no mercado da UE.
O que são números de verificação?
Além dos números de referência (RNs), a estrutura EUDR pode utilizar números de verificação (VNs) para confirmar que partes interessadas específicas na cadeia de suprimentos, como comerciantes e operadores a jusante, referenciaram adequadamente as declarações de due diligence originais.
Embora os RNs estejam vinculados à origem e ao envio inicial da devida diligência, os VNs podem servir como evidência de que os atores subsequentes reconheceram e confiaram nesses RNs sem alterar ou duplicar dados.
Por exemplo, um comerciante que compra madeira com uma RN existente não precisa reinserir todos os dados de due diligence. Em vez disso, ao referenciar a RN anterior, ele recebe uma VN e uma nova RN que podem ser compartilhadas posteriormente. A VN confirma sua confiança nos dados validados e reafirma suas obrigações de conformidade. Este sistema reduz a carga administrativa, evita duplicações e melhora a consistência dos dados em toda a cadeia de suprimentos.
Requisitos de dados para EUDR
Para obter um número de referência, os operadores que colocam produtos no mercado da UE pela primeira vez devem primeiro apresentar uma declaração de due diligence através do Sistema de Informação Centralizado da UE. Esta declaração deve incluir:
- Dados de geolocalização: coordenadas de localização precisas para todos os lotes de terra onde as mercadorias foram produzidas.
- Detalhes da mercadoria: Tipo, volume e origem do produto.
- Informações da cadeia de suprimentos: nomes e detalhes de contato de todos os fornecedores e intermediários.
- Avaliação de risco de desmatamento: Evidência de que o produto não foi produzido em terras sujeitas a desmatamento ou degradação florestal após 31 de dezembro de 2020.
- Medidas de mitigação (se aplicável): Documentação das ações tomadas para abordar quaisquer riscos identificados.
Cada declaração de due diligence é revisada e validada antes da geração de um número de referência. Isso garante que apenas produtos em conformidade sejam associados a um identificador válido, reforçando a integridade da EUDR.
Comparando números de referência e números de verificação
No caso da madeira, o uso adequado de RNs e VNs é fundamental devido à complexidade das cadeias de suprimentos de produtos florestais. As toras podem passar por diversos processadores, exportadores e distribuidores antes de chegar ao mercado da UE. Veja como o processo normalmente funciona:
- Operador inicial: uma concessão florestal ou serraria envia uma declaração de due diligence, incluindo geolocalização de parcelas de colheita, espécies, volume e documentos de legalidade, para obter uma RN.
- Comerciantes/Importadores: Importadores e atacadistas de madeira sediados na UE fazem referência à RN original. Eles obterão uma VN para documentar sua confiança nos dados iniciais e demonstrar alinhamento com os requisitos da EUDR.
- Atores a jusante: fabricantes de móveis, empresas de construção ou varejistas podem consultar o RN/VN em sua própria documentação, facilitando a rastreabilidade de ponta a ponta.
Como funcionam os números de referência no EUDR?
Uma vez emitido, o número de referência deve acompanhar a mercadoria durante todo o seu trajeto de entrada e saída no mercado da UE. Veja como funciona na prática:
- Envio: O operador envia uma declaração de due diligence para uma remessa de, por exemplo, grãos de café verde, incluindo todos os dados necessários.
- Emissão: O sistema da UE gera um número de referência exclusivo e um número de verificação vinculados àquela remessa específica.
- Transmissão: O RN/VN é atualizado e repassado ao longo da cadeia de suprimentos, incluído na documentação comercial, declarações alfandegárias e plataformas digitais.
- Verificação: Autoridades e parceiros comerciais usam o número de referência e o número de verificação para autenticar a conformidade, rastrear origens e auditar cadeias de suprimentos.
- Rastreamento de responsabilidade: o número fornece um link direto para a parte responsável pela responsabilização legal em caso de não conformidade.
Os números de referência são intransferíveis e devem ser específicos para cada remessa. A reutilização ou a deturpação de um número constitui uma violação da regulamentação e pode resultar em penalidades ou exclusão do mercado.
Números de referência para produtos de origem mista e comercializados a granel
A EUDR reconhece as complexidades envolvidas no manuseio de commodities agregadas de múltiplas origens ou processadas a granel, como cacau ou óleo de palma. Nesses casos, a rastreabilidade se torna mais desafiadora, mas os números de referência continuam sendo um requisito crítico.
Para esses produtos de origem mista, os operadores ainda devem garantir que cada lote ou remessa possa ser rastreado até as fontes em conformidade. Isso significa compilar dados de geolocalização e da cadeia de suprimentos para cada origem contribuinte e enviar uma declaração consolidada de due diligence. O número de referência resultante reflete a verificação combinada de todas as fontes constituintes, permitindo a conformidade contínua.
No entanto, os operadores devem manter sistemas internos de rastreabilidade robustos para gerenciar essa complexidade. Quando a segregação entre produtos conformes e não conformes não for possível, todo o lote poderá ser considerado não conforme. Isso reforça a importância de processos rigorosos de engajamento com fornecedores e coleta de dados.
Conclusão
À medida que a EUDR remodela o comércio global de commodities, os números de referência e verificação constituem a espinha dorsal de seus mecanismos de rastreabilidade e execução. Para as empresas que operam nos setores afetados, compreender e implementar esses identificadores não é apenas uma tarefa de conformidade — é um imperativo estratégico.
Investir na infraestrutura digital certa, nos relacionamentos com fornecedores e nos processos de gerenciamento de dados será essencial para garantir que cada remessa seja rastreável, cada parceiro seja responsável e cada etapa da cadeia de suprimentos atenda aos altos padrões de sustentabilidade da EUDR.
Pronto para começar sua jornada? Envie um e-mail para pim@eraofwe.com para descobrir como podemos acelerar sua preparação para a EUDR.
Sobre o Autor
Coffee lover and COO of Era of We